Exercício Rede Social

Atualmente muitos jogos se comportam como uma rede social por possuir algumas características, as quais segundo Recuero são definidoras de uma rede social, como o perfil do usuário, a troca de mensagens entre os usuários, a capacidade de adicionar amigos e os grupos.

Conforme essas características, pode-se dizer que o jogo Clash of Clans possui uma rede social.

Fichamento de “Redes sociais na Internet: Considerações iniciais” de Raquel Recuero

“O presente artigo discute a insuficiência dos conceitos de redes igualitárias e redes sem escalas para dar conta do problema das redes sociais estabelecidas através da comunicação mediada por computador, apresentando críticas e exemplos.”

“O interesse no estudo de redes complexas permeia todo o século XX. Iniciado pelas ciências exatas, notadamente matemáticos e físicos trouxeram as maiores contribuições para o estudo das redes, que depois foram absorvidas pela sociologia, na perspectiva da análise estrutural das redes sociais.”

“O presente artigo busca trazer ao debate os modelos de estudo das redes complexas
e sua aplicabilidade para as redes sociais na Internet Trabalhando a partir da perspectiva da análise estrutural das redes sociais e dos modelos de Barabási e Albert, Watts e Strogatz e Erdös e Rényi, o artigo busca discutir as implicações de suas aplicações na comunicação mediada por computador, bem como um possível diálogo entre a perspectiva sociológica e a perspectiva matemática desses autores. Resultado de um estudo exploratório que trabalha com a observação empírica de possíveis redes sociais na internet no Orkut, nos weblogs e nos fotologs, o artigo trabalha com exemplos buscando clarificar o debate e demonstrando pontos fortes e fracos nessa aplicação da teoria.”

“Os primeiros passos da teoria das redes encontram-se principalmente nos trabalhos
do matemático Ëuler que criou o primeiro teorema da teoria dos grafos. Um grafo é
uma representação de um conjunto de nós conectados por arestas que, em conjunto, formam uma rede. Em cima dessa nova ideia, vários estudiosos dedicaram-se ao trabalho de compreender quais eram as propriedades dos vários tipos de grafos e como se dava o processo de sua construção, ou seja, como seus nós se agrupavam .”

“O estudo de redes sociais “reflete uma mudança do individualismo comum nas ciências sociais em busca de uma análise estrutural”. Para ir além dos atributos individuais e considerar as relações entre os atores sociais, a análise das redes sociais busca focar-se em novas “unidades de análise”, tais como: relações (caracterizadas por conteúdo, direção e força), laços sociais (que conectam pares de atores através de uma ou mais relações), multiplexidade (quanto mais relações um laço social possui, maior a sua multiplexidade) e composição do laço social (derivada dos atributos individuais dos atores envolvidos). O estudo de redes sociais procura também levar para a sociedade os elementos principais estudados em uma rede, tais como densidade da rede, clusterização e etc.”

“O sociólogo Stanley Milgram, na década de 60, foi o primeiro a realizar um experimento para observar os graus de separação entre as pessoas. ([Dégene e Forsé,
1999], [Buchanan, 2002]; [Barabasi, 2003] e [Watts, 2003]). Ele enviou uma determinada quantidade de cartas a vários indivíduos, de forma aleatória, solicitando que tentassem enviar a um alvo específico. Caso não conhecessem o alvo, as pessoas eram solicitadas então, a enviar as cartas para alguém que acreditassem estar mais perto dessa pessoa. Milgram descobriu que, das cartas que chegaram a seu destinatário final, a maioria havia passado apenas por um pequeno número de pessoas.”

“Outra importante contribuição para o o problema da estruturação das redes sociais
foi dada pelo sociólogo Mark Granovetter (1973). Em seus estudos, ele descobriu que
chamou de laços fracos (weak ties) seriam muito mais importantes, na manutenção da rede social do que os laços fortes (strong ties), para os quais habitualmente os sociólogos davam mais importância.”

“O primeiro problema da teoria dos mundos pequenos de Watts foi explicado por Barabási (2003: 55-64) pouco tempo após a publicação do trabalho. Watts tratava as
suas redes sociais como redes aleatórias, ou seja, redes em que as conexões entre os
nós (indivíduos) eram estabelecidas de modo aleatório, exatamente como Erdös e Rényi anos antes.”

“Em princípio, o Orkut parece demonstrar a existência de redes sociais amplas, altamente conectadas, com um grau de separação muito pequeno, exatamente como o previsto no modelo de Watts e Strogatz. É possível, inclusive visualizar os “atalhos”ao visualizar perfis de desconhecidos. Entretanto, com uma observação um pouco mais detalhada, percebe-se que a maioria das “distâncias” entre os membros do sistema é reduzida pela presença de alguns indivíduos, que são “amigos de todo mundo”.”

Fichamento do texto “Software Livre: o posicionamento dos veículos de divulgação tecnológica”.

Fichamento do texto “Software livre: o posicionamento dos veículos de divulgação tecnológica” de Jefferson Sérgio Paradello.

“Este trabalho pretende identificar o posicionamento de alguns veículos de divulgação tecnológica no Brasil, entre eles jornais e revistas, em relação ao Software Livre. Para tanto, o trabalho explica o termo Software Livre, sua história, vertentes e sua importância no mercado tecnológico da atualidade. Em outro momento o apresenta como alternativa à pirataria no País e por último, baseado na análise de discurso, verifica a importância que os veículos especializados em informática dão ao assunto em suas páginas.”

“Apesar do crescimento aparente das soluções livres, estariam os periódicos responsáveis pela divulgação tecnológica do País tratando o assunto com a devida importância em suas páginas? Como ressalta Silveira (2004, pág. 74):

[…] a grande consequência sociocultural e econômica do Software Livre é a aposta no compartilhamento da inteligência e do conhecimento. Ele assegura ao nosso país a possibilidade de dominar as tecnologias que utilizamos.

Estariam prezando pela difusão do conhecimento como citado por Silveira ou estariam preocupados em atingir interesses próprios ou apoiar patrocinadores que contribuem economicamente para que seus produtos e/ou soluções sejam divulgados em suas páginas?”

“O problema da pesquisa está em identificar qual a importância e o espaço que os veículos de comunicação voltados ao tema têm reservado em suas páginas para tratar do Software Livre e suas vertentes.”

“Mediante essas premissas, o trabalho se torna relevante em verificar como essa ferramenta têm sido discutida nos meios de comunicação citados anteriormente e como os mesmos estão, de alguma forma, contribuindo para difundir e apresentar essa alternativa ao cidadão que acompanha essas publicações.”

“Com o surgimento da Internet e das novas tecnologias, são criadas novas formas de se produzir e disseminar informações tecnológicas, e a troca mútua de informações pela rede começam a virar realidade. É por meio dessa nova “onda” de livre circulação de informação tecnológica pela Internet que surgem movimentos importantes, como o movimento de Software Livre liderado por

Richard Stallman, que ganhou força e notoriedade a partir da década de 90.”

“Stallman fundou a Free Software Fundation e criou o projeto GNU – uma abreviatura que significa “GNU não é UNIX” – porque discordava do conceito de vender permissão para utilizar software. Ele acreditava que dar aos usuários a liberdade de modificar e distribuir software levaria a melhores softwares, orientados pelas necessidades dos usuários, e não pelo lucro pessoal ou corporativo.”

 

“O termo free de Free Software refere-se à liberdade dos usuários executarem, copiarem, distribuírem, estudarem, modificarem e aperfeiçoarem o software. Um programa só pode ser considerado Software Livre se os seus usuários reúnem todas essas condições.”

 

“Quando a grande massa ouve a palavra Linux, aqueles que já ouviram ou leram alguma coisa sobre o assunto acreditam se tratar de um sistema difícil, com poucos recursos e, por tanto, pouco usual. Para eles, o conceito de Software Livre remete-os apenas a este sistema operacional. Pela ignorância apresentada pela maioria dos usuários em relação à sistemas computacionais, que no dia-a-dia usam um computador para checar e-mails, ler notícias, ouvir músicas ou jogar, estes não imaginam que programas que estejam instalados em seus computadores podem ser soluções livres.”

 

Além disso, têm se na chamada memória coletiva das pessoas que Software Livre é ruim, é inferior. O que acaba chateando usuários, no caso daqueles que já apresentam alguma familiaridade com o Linux, é a falta de programas semelhantes encontrados no Windows e escritos para a plataforma livre.”

Exercício “Búsqueda”

“Wagner Moura recusou interpretar Sérgio Moro e o chamou de mau-caráter?”

Wagner Moura recusou interpretar Sérgio Moro e o chamou de mau-caráter?

 

“Wagner Moura recusa papel em série sobre a Lava-Jato”

http://blogs.oglobo.globo.com/lauro-jardim/post/wagner-moura-recusa-papel-em-serie-sobre-lava-jato.html

 

“Narcos | Wagner Moura vai dar pausa na carreira após segunda temporada”

https://observatoriodocinema.bol.uol.com.br/series-e-tv/2016/09/narcos-wagner-moura-vai-dar-pausa-na-carreira-apos-segunda-temporada

 

“Wagner Moura não disse que Moro é mau-caráter, mas o que vale é compartilhar”

http://epoca.globo.com/vida/experiencias-digitais/noticia/2016/10/wagner-moura-nao-disse-que-moro-e-mau-carater-mas-o-que-vale-e-compartilhar.html

“Mesmo sendo uma piada e mesmo com os desdobramentos da nota, sites especializados em propagar boatos pegaram a frase não dita por Moura e a transformaram em verdade. As falsas matérias seguiram para o seu caminho favorito: o Facebook. E se espalharam, levando uma série de outros blogs e sites a compartilhar.” “Rafinha, depois do ocorrido e de responder a diversas mensagens, atualizou a sua apresentação no Twitter com a frase: “Usar o que eu escrevo aqui como fonte de informação é como se deixar operar pelo palhaço vestido de médico”. Que seus seguidores leiam!

“Da cultura das mídias à cibercultura: o advento do pós-humano” (Santaella)

“Hoje, com as ideias mais ajustadas, posso definir com mais precisão o que tenho entendido por cultura das mídias. Ela não se confunde nem com a cultura de massas, de um lado, nem com a cultura virtual ou cibercultura de outro. É, isto sim, uma cultura intermediária, situada entre ambas. Quer dizer, a cultura virtual não brotou diretamente da cultura de massas, mas foi sendo semeada por processos de produção, distribuição e consumo comunicacionais a que chamo de “cultura das mídias”. Esses processos são distintos da lógica massiva e vieram fertilizando gradativamente o terreno sociocultural para o surgimento da cultura virtual ora em curso.”

“Para compreender essas passagens de uma cultura à outra, que considero sutis, tenho utilizado uma divisão das eras culturais em seis tipos de formações: a cultura oral, a cultura escrita, a cultura impressa, a cultura de massas, a cultura das mídias e a cultura digital. Antes de tudo, deve ser de clara do que essas divisões estão pautadas na convicção de que os meios de comunicação, desde o aparelho fonador até as redes digitais atuais, não passam de meros canais para a transmissão de informação.”

“São, isto sim, os tipos de signos que circulam nesses meios, os tipos de mensagens e processos de comunicação que neles se engendram os verdadeiros responsáveis não só por moldar o pensamento e a sensibilidade dos seres humanos, mas também por propiciar o surgimento de novos ambientes socioculturais.”

“Ao colocar ênfase nos meios, McLuhan insistia na impossibilidade de se separar a mensagem do meio, pois a mensagem é determinada muito mais pelo meio que a veicula do que pelas intenções de seu autor. Portanto, em vez de serem duas funções separadas, o meio é a mensagem (Lunenfeld, 1999a, p. 130).”

“Embora sejam responsáveis pelo crescimento e multiplicação dos códigos

e linguagens, meios continuam sendo meios. Deixar de ver isso e, ainda por cima, considerar que as mediações sociais vêm das mídias em si é incorrer em uma ingenuidade e equívoco epistemológicos básicos, pois a mediação primeira não vem das mídias, mas dos signos, linguagem e pensamento, que elas veiculam (Santaella, 1992 [2003a], p. 222-230).”

“O segundo aspecto fundamental que o fetiche das mídias oblitera encontrasse no fato de que quaisquer mídias, em função dos processos de comunicação que propiciam, são inseparáveis das formas de socialização e cultura que são capazes de criar, de modo que o advento de cada novo meio de comunicação traz consigo um ciclo cultural que lhe é próprio e que fica impregnado de todas as contradições que caracterizam o modo de produção econômica e as consequentes injunções políticas em que um tal ciclo cultural toma corpo.”

“Embora a divisão que estabeleço de seis eras culturais refira-se, de fato, a eras, prefiro também chamá-las de formações culturais para transmitir a ideia de que não se trata aí de períodos culturais lineares, como se uma era fosse desaparecendo com o surgimento da próxima.”

“The Shallows” de Nicholas Carr – Capítulos 1 e 3.

“McLuhan declarou que a “mídia elétrica” do século XX – telefone, rádio, cinema, televisão – estava rompendo a tirania do texto sobre nossos pensamentos e sentidos. Nossos egos, isolados e fragmentados, presos por séculos à leitura privada de páginas impressas, estavam se tornando inteiros novamente, fundindo-se no equivalente global de uma aldeia tribal.”

“Estávamos nos aproximando da “simulação tecnológica da consciência, quando o processo criativo do conhecimento será coletiva e corporativamente alargado a toda a sociedade humana”.

“O meio é a mensagem”. O que foi esquecido em nossa repetição desse aforismo enigmático é que McLuhan não estava apenas reconhecendo, e celebrando, o poder transformador das novas tecnologias de comunicação.”

“A tecnologia de uma mídia, por mais surpreendente que possa ser, desaparece por trás de tudo o que flui através dela – fatos, instrução, entretenimento, conversa.”

“Como nossa janela para o mundo e para nós mesmos, uma mídia popular molda o que vemos e como o vemos – e por fim, se a usarmos bastante, muda quem somos, como indivíduos e como sociedade.”

“Os efeitos da tecnologia…alteram “padrões de percepção de forma constante e sem qualquer resistência”

“…Os produtos da ciência moderna não são em si mesmos bons ou maus; é o modo como são utilizados que determina seu valor”. McLuhan ridicularizou a ideia, repreendendo Sarnoff por falar com “a voz do sonambulismo atual”. Toda nova mídia, McLuhan concluiu, nos modifica.”

“Como McLuhan sugeriu, as mídias não são apenas canais de informação. Elas fornecem o material do pensamento, mas também moldam o processo de pensamento.”

“O que está claro, entretanto, é que para a sociedade como um todo a Internet tornou-se, em apenas vinte anos, desde que o programador Tim Berners-Lee escreveu o código para a World Wide Web, a principal mídia comunicativa e informativa.”

“A mente linear, calma, concentrada, sem distrações está sendo substituída por um novo tipo de mente que quer e precisa obter e distribuir informações em curtos rebentos disjuntos e por vezes sobrepostos – quanto mais rápido, melhor.”

“O computador, comecei a perceber, era mais que apenas uma ferramenta que fazia o que a gente mandasse fazer. Era uma máquina que, de maneira sutil e inconfundível, exercia influência sobre a gente.”

“Em 2007, uma serpente de dúvida surgiu no meu infoparaíso. Comecei a notar que a Internet estava exercendo uma influência muito mais forte e ampla sobre mim do que meu velho PC. Não era certo gastar tanto tempo olhando uma tela de computador. Não era certo mudar tantos hábitos e rotinas à medida que ficava mais acostumado e dependente de sites e serviços da web. O próprio modo de funcionar do meu cérebro parecia estar mudando. Foi então que comecei a me preocupar com a incapacidade de prestar atenção a qualquer coisa por mais de um minuto.”

“Os avanços históricos não se limitaram a espelhar o desenvolvimento da mente humana. Ajudaram a impulsionar e orientar o próprio avanço intelectual que documentava. O mapa é um meio que não só armazena e transmite informação, mas também expressa um modo particular de ver e pensar. Com o progresso da cartografia, a propagação de mapas também disseminou um modo peculiar de perceber e dar sentido ao mundo.”

“Quanto mais e com mais intensidade as pessoas usavam os mapas, mais suas mentes passaram a entender a realidade nos termos dos mapas.”

“O que o mapa fez pelo espaço – traduzir um fenômeno natural numa concepção artificial e intelectual, uma outra tecnologia, o relógio mecânico, fez pelo tempo.”

Como a tecnologia implica mudanças no homem, na sociedade, na cultura

“Se a proliferação de relógios públicos mudou a maneira como as pessoas trabalhavam, compravam, jogavam e se comportavam como membros de uma sociedade cada vez mais controlada, a disseminação de ferramentas mais pessoais para contar o tempo – relógios de parede, de bolso e, um pouco mais tarde, de pulso – teve consequências mais íntimas. O relógio tornou-se pessoal, como Landes escreve, “um companheiro sempre visível, sempre audível e monitor”.

Continuamente lembrando seu dono “do tempo decorrido, do tempo gasto, do tempo perdido”, tornou-se tanto “estímulo como chave para a realização e a produtividade pessoal”. A “personalização” do tempo precisamente medido “foi um grande estímulo ao individualismo, aspecto cada vez mais importante da civilização ocidental”.”

“O relógio mecânico mudou a maneira como nos vemos. E, como o mapa, mudou a maneira como pensamos. Quando o relógio redefiniu o tempo como uma série de unidades de igual duração, nossa mente começou a enfatizar o trabalho metódico mental de divisão e medição.

Começamos a ver, em todas as coisas e fenômenos, as peças que compunham o todo, e então começamos a ver as peças da qual as peças são feitas.”

“Toda tecnologia é uma expressão da vontade humana. Com nossas ferramentas, buscamos ampliar nosso poder e controle sobre as circunstâncias – a natureza, o tempo, a distância, um sobre o outro. Nossas tecnologias podem ser divididas, grosso modo, em quatro categorias, de acordo com como completam ou ampliam nossas capacidades nativas. Um conjunto, que abrange o arado, a agulha de costura e o caça, amplia nossa força física, destreza ou flexibilidade. Um segundo conjunto, que inclui o microscópio, o amplificador e o contador Geiger, amplia o alcance e a sensibilidade de nossos sentidos. Um terceiro grupo, que vai das tecnologias como o açude e a pílula anticoncepcional ao milho geneticamente modificado, permite-nos mudar a natureza para melhor servir nossas necessidades e desejos.

O mapa e o relógio pertencem à quarta categoria, melhor chamada, para usar um termo empregado em sentidos ligeiramente diferentes pelo antropólogo social Jack Goody e pelo sociólogo Daniel Bell, de “tecnologias intelectuais”. A categoria inclui todas as ferramentas que usamos para estender ou apoiar nossos poderes mentais – para encontrar e classificar informações, formular e articular ideias, compartilhar know-how e conhecimento, fazer medições e realizar cálculos, expandir a capacidade de nossa memória.”

“Como as histórias do mapa e do relógio bem ilustram, as tecnologias intelectuais, quando caem no gosto popular, muitas vezes promovem à população em geral novas formas de pensar ou estender as formas tradicionais de pensar antes limitadas a uma pequena elite. Em outras palavras, toda tecnologia intelectual incorpora uma ética intelectual, um conjunto de suposições sobre como a mente humana funciona ou deveria funcionar. O mapa e o relógio compartilham uma ética semelhante. Ambos colocaram uma nova ênfase na medição e na abstração, na percepção e na definição de formas e processos além dos aparentes aos sentidos.”

“A ética intelectual de uma tecnologia raramente é reconhecida por seus inventores. Eles normalmente estão tão empenhados em resolver um problema particular ou em desembaraçar um dilema científico ou de engenharia que não veem a extensão das implicações de seu trabalho.”

“Nossos antepassados não desenvolveram ou utilizaram os mapas para reforçar sua capacidade de pensamento conceitual ou para revelar as estruturas ocultas do mundo. Nem fabricaram os relógios mecânicos para estimular a adoção de um modo mais científico de pensar. Aqueles eram subprodutos das tecnologias.”

“Karl Marx deu voz a essa visão quando escreveu: “o moinho de vento contribuiu com a sociedade com o senhor feudal; o moinho a vapor, a sociedade com o capitalismo industrial”. Ralph Waldo Emerson é mais conciso: “As coisas estão na sela / E carregam a humanidade”. Na expressão mais extrema da visão determinista, os seres humanos tornam-se pouco mais do que “os órgãos genitais do mundo das máquinas”, como McLuhan memoravelmente escreveu em “Amante dos Gadgets”, capítulo de Os meios de comunicação. Nosso papel essencial é produzir ferramentas cada vez mais sofisticadas para “fertilizar” as máquinas como as abelhas fecundam as plantas – até que a tecnologia desenvolva a capacidade de se reproduzir por conta própria. Nesse ponto, nós seremos dispensáveis.”

“No outro extremo estão os instrumentalistas – pessoas que, como David Sarnoff, minimizam o poder da tecnologia, crendo que as ferramentas são artefatos neutros, totalmente subservientes aos desejos conscientes de seus usuários. Nossos instrumentos são os meios que usamos para alcançar nossos objetivos, pois não tem fins próprios. O instrumentalismo é a opinião mais difundida da tecnologia, não menos porque é a visão que preferimos que seja a verdadeira.”

““Se a experiência da sociedade moderna nos mostra alguma coisa”, observa o cientista político Langdon Winner, “é que as tecnologias não são meros auxiliares à atividade humana, mas sim forças poderosas agindo para reformular essa atividade e seu significado”. Embora raramente estejamos conscientes desse fato, muitas das rotinas de nossas vidas seguem caminhos estabelecidos pelas tecnologias que entraram em uso bem antes de termos nascido.”

“É um exagero dizer que a tecnologia avança de forma autônoma – nossa adoção e uso das ferramentas são fortemente influenciados por considerações econômicas, políticas e demográficas – mas não é um erro dizer que o progresso tem sua própria lógica, que nem sempre é coerente com as intenções ou desejos dos fabricantes e dos usuários da ferramenta. Às vezes, nossas ferramentas fazem o que mandamos; outras vezes, nós é que nos adaptarmos às exigências delas”.”

“Qualquer experiência repetida influencia nossas sinapses, as mudanças provocadas pelo uso recorrente das ferramentas que estendem ou complementam nosso sistema nervoso devem ser particularmente acentuadas. E mesmo que não possamos documentar ao nível físico as mudanças no pensamento que ocorreram em um passado distante, podemos usar substitutos no presente. Vemos, por exemplo, evidências diretas do processo contínuo de regeneração e degeneração mental nas alterações cerebrais que ocorrem quando uma pessoa cega aprende a ler

Braille. Esta, afinal, é uma tecnologia, um meio informativo.”

“O mapa e o relógio mudaram indiretamente a linguagem, sugerindo novas metáforas para descrever os fenômenos naturais. Outras tecnologias intelectuais mudam a linguagem de maneira mais direta e profunda, por realmente alterar nossa forma de falar e ouvir, de ler e escrever. Elas podem ampliar ou comprimir nosso vocabulário, modificar as normas de dicção ou a ordem das palavras, ou incentivar sintaxes simples ou complexas.”

“A palavra escrita é “uma receita não para a memória, mas para a lembrança. Não é sabedoria o que ofereces a teus discípulos, mas apenas sua aparência”. Quem confiar na escrita para obter conhecimento “parecerá saber muito, enquanto na maior parte não sabe nada”. Será “preenchido, não com sabedoria, mas com o conceito de sabedoria.”

“Em uma cultura puramente oral, o pensamento é regido pela capacidade da memória humana. O conhecimento é o que se consegue lembrar, e o que se lembra é limitado ao que se pode guardar na mente. Através dos milênios de história pré-alfabetizada, a linguagem evoluiu para ajudar o armazenamento de informações complexas em memória individual e tornar mais fácil a troca de informações com outras pessoas através da fala. “O pensamento sério”, escreve Ong, foi por necessidade “entrelaçado aos sistemas de memória”. A dicção e a sintaxe tornaram-se altamente rítmicas, afinadas para o ouvido, e as informações foram codificadas em sequências comuns de frases que hoje chamamos de clichês – tudo para ajudar a memorização.”

O Culto do Amador

 O Culto do Amador de Andrew Keen

“A inspiração por trás deste livro não vem de Aldous, mas de seu avô, T.H. Huxley, o biólogo evolucionista do século XIX e autor do “teorema do macaco infinito”. Segundo a teoria de Huxley, se fornecermos a um número infinito de macacos um número infinito de máquinas de escrever, em algum lugar alguns macacos acabarão criando uma obra-prima — uma peça de Shakespeare, um diálogo de Platão ou um tratado econômico de Adam Smith.”

“A tecnologia de hoje vincula todos aqueles macacos a todas aquelas máquinas de escrever. Com a diferença de que em nosso mundo Web 2.0 as máquinas de escrever não são mais máquinas de escrever, e sim computadores pessoais conectados em rede, e os macacos não são exatamente macacos, mas usuários da Internet. E em vez de criarem obras-primas, esses milhões e milhões de macacos exuberantes – muitos sem mais talento nas artes criativas que nossos primos primatas – estão criando uma interminável loresta de mediocridade.”

“No cerne desse experimento de autopublicação por uma infinidade de macacos está o diário na Internet, o onipresente blog.”

“Os blogs tornaram-se tão vertiginosamente infinitos que solaparam nosso senso do que é verdadeiro e do que é falso, do que é real e do que é imaginário.”

“Quando digitamos palavras no Google, estamos de fato criando algo chamado “inteligência coletiva”, a sabedoria total de todos os usuários do Google. A lógica do mecanismo de busca, que os tecnólogos chamam de algoritmo, reflete a “sabedoria” das massas. Em outras palavras, quanto mais pessoas clicam num link resultante de uma busca, mais provável esse link aparecer em buscas subsequentes. O mecanismo de busca é uma união dos 90 mi de perguntas que fazemos coletivamente ao Google todo dia; em outras palavras, ele só nos diz o que já sabemos.”

“Em vez de usá-la para buscar notícias, informação ou cultura, nós a usamos para sermos de fato a notícia, a informação, a cultura.”

“A mídia antiga está ameaçada de extinção. Mas, o que tomará seu lugar? Ao que tudo indica, serão os novos e incrementados mecanismos de busca, os sites das redes sociais e os portais de vídeo da Internet. Cada nova página no MySpace, cada nova postagem num blog, cada novo vídeo no YouTube equivale a mais uma fonte potencial de renda com anúncios perdida pela mídia convencional.”

“Os macacos assumem o comando. Diga adeus aos especialistas e guardiões da cultura de hoje – nossos repórteres, âncoras, editores, gravadoras e estúdios de Hollywood. No atual culto do amador, os macacos é que dirigem o espetáculo. Com suas infinitas máquinas de escrever, estão escrevendo o futuro. E talvez não gostemos do que ele nos reserva.”

Capítulo 1 – A Grande Sedução

“A nova Internet tinha a ver com música feita pelo próprio usuário, não com Bob Dylan ou os Concertos de Brandenburgo. Público e autor haviam se tornado uma coisa só, e estávamos transformando cultura em cacofonia.”

“A revolução da Web 2.0 disseminou a promessa de levar mais verdade a mais pessoas — mais profundidade de informação, perspectiva global, opinião imparcial fornecida por observadores desapaixonados. Porém, tudo isso é uma cortina de fumaça. O que a revolução da Web 2.0 está realmente proporcionando são observações superficiais do mundo, em vez de uma análise profunda, opinião estridente, ou um julgamento ponderado.”

“A verdade de uma pessoa torna-se tão “verdadeira” quanto a de qualquer outra. Hoje a mídia está estilhaçando o mundo em um bilhão de verdades personalizadas, todas parecendo igualmente válidas e igualmente valiosas.”

“Os motores de busca como o Google sabem mais sobre nossos hábitos, nossos interesses, nossos desejos do que nossos amigos, nossos entes queridos e nosso psiquiatra juntos. Mas ao contrário do 1984, este Grande Irmão é muito real. Temos de confiar que não revele nossos segredos, uma confiança que, como veremos, já foi traída repetidas vezes. Paradoxalmente, o Santo Graal dos anunciantes em todo o mundo plano da Web 2.0 é conseguir a confiança dos outros. Isso está deixando de cabeça para baixo a indústria da publicidade convencional.”

“Nossas atitudes com relação a “autoria” também estão passando por uma mudança radical, como resultado da cultura democratizada da Internet de hoje. Em um mundo no qual plateia e autor são cada vez mais indistinguíveis, e onde a autenticidade é quase impossível de ser verificada, a ideia original de autoria e propriedade intelectual tem sido seriamente comprometida. Quem é o “dono” do conteúdo criado pelos personagens de filme de ficção no MySpace? Quem é o “dono” do conteúdo criado por um anônimo grupo de editores da Wikipédia? Quem é o “dono” do conteúdo publicado por blogueiros, seja ele originário de porta-vozes das empresas ou de artigos no NYT? Esta definição nebulosa de propriedade, agravada pela facilidade como podemos copiar e colar o trabalho de outras pessoas para fazê-lo parecer como se fosse nosso, resultou em uma nova permissividade preocupante sobre a propriedade intelectual.”

O Custo da Democratização

“O culto do amador tornou cada vez mais difícil determinar a diferença entre o leitor e o escritor, o artista e o porta-voz, arte e propaganda, amadores e especialistas. O resultado? A queda da qualidade e da confiabilidade das informações que recebemos, o que desvirtua, ou até corrompe descaradamente nossa conversa cívica nacional. Mas talvez as maiores vítimas da revolução da Web 2.0 sejam as empresas reais com produtos reais, funcionários reais e acionistas reais, como discutirei nos capítulos 4 e 5. Cada gravadora extinta, repórter de jornal despedido ou livraria independente falida é uma consequência do conteúdo grátis gerado pelos usuários na Internet – da publicidade gratuita do Craigslist aos vídeos de música gratuitos do YouTube, à informação gratuita da Wikipédia.”

“Você – ou melhor, a inteligência colaborativa de dezenas de milhões de pessoas, você conectado – a continuamente cria e filtra novas formas de conteúdo, consagrando o útil, o relevante, o divertido e rejeitando o resto… Em todo caso, você se tornou parte integrante da ação como membro do público agregado, interativo, auto-organizado, autoentretenido.”

“A Cauda Longa praticamente redefine a palavra “economia”, deslocando-a da ciência da escassez para a ciência da abundância, um mercado promissor e infinito no qual “ciclamos” e reciclamos nossa produção cultural para o conteúdo de nossos corações.”

“Sem o cultivo de talentos, não haverá mais hits, pois o talento que os cria nunca é cultivado ou não tem permissão para brilhar.”

“Mas quanto mais conteúdo autocriado é despejado na Internet, mais difícil fica distinguir o bom do ruim – e fazer dinheiro com dele.”

“O grande desafio do mercado da cauda longa de Anderson está em encontrar o que ler, ouvir ou assistir. Se você acha que o sortimento em sua loja de discos é pequeno, espere até a cauda longa desenrolar sua extensão infinita. Arrastar-se pela blogosfera, ou os milhões de bandas no MySpace, ou as dezenas de milhões de vídeos no YouTube procurando um ou dois blogs, músicas ou vídeos de real valor não é viável para aqueles de nós com uma vida ou um trabalho. O único recurso que é desafiado por esta longa cauda de conteúdo amador é o nosso tempo, o recurso mais limitado e precioso de todos.”

“Chris Anderson está certo ao afirmar que o espaço infinito da Internet vai dar cada vez mais oportunidades para os nichos, mas o lado negativo é que isso vai garantir que tais nichos gerarão menos receitas. Quanto mais especializado o nicho, mais estreito o mercado. Quanto mais estreito o mercado, mais curto o orçamento de produção, o que compromete a qualidade da programação, reduzindo ainda mais o público e alienando os anunciantes.”

“Na era da autopublicação, ninguém sabe se você é um cão, um macaco ou o coelhinho da Páscoa. Todo mundo está tão ocupado se autodifudindo (egocasting), imerso demais na luta darwiniana pela compartilhamento da mente, para dar ouvido ao outro.”

Unboxing e Review

Unboxing e review na web são duas práticas relacionadas ao modo de apresentar a mercadoria para outrem. O unboxing se trata da apresentação de produtos ainda dentro da embalagem original e sem pretensão publicitária. O review é a apresentação do produto com a análise crítica do apresentador, geralmente um especialista na área.

Atualmente, os dois tipos de apresentação são práticas muito comuns no YouTube. Vários YouTubers, blogueiros (as) e pessoas em geral produzem esses tipos de apresentações, as quais são vistas por milhares de outras pessoas e os conteúdos, geralmente, são de produtos eletrônicos.

Acessos: https://pt.wikipedia.org/wiki/Unboxing; https://www.google.com.br/trends/?hl=pt-PT

Jenkins: a cultura da participação, por Luciano Yoshio Matsuzaki.

O artigo escrito por Luciano Yoshio resume os principais conceitos e explicações do livro A Cultura da Convergência de Henry Jenkins.

“O trabalho do autor Henry Jenkins em Convergence Culture (2006) está enraizado em
três conceitos-chave: convergência de mídia, cultura participativa e inteligência coletiva.”

Por convergência reiro-me ao luxo de conteúdos através de múltiplas plataformas de mídia, à cooperação entre múltiplas indústrias midiáticas e o comportamento migratório dos públicos dos meios de comunicação, que vão quase a qualquer parte em busca das experiências de entretenimento que desejam ( Jenkins, 2006:2).

“O autor enfatiza que a convergência não é apenas um fenômeno tecnológico, uma
mudança estrutural entre plataformas, computadores e dispositivos móveis, mas sim um fenômeno social e cultural.”

“Ele acredita que a convergência ocorre quando as interações entre consumidores constroem suas próprias histórias por meio dos fragmentos de informação oriundos dos luxos midiáticos que estão expostos, dentro do seu próprio cotidiano.”

A convergência de mídias é mais do que simplesmente uma mudança tecnológica. A convergência altera as relações entre as tecnologias existentes, indústrias, mercados, gêneros e audiências. A convergência altera a lógica pela qual as indústrias de mídia operam e pela qual os consumidores processam a notícia e o entretenimento. (Jenkins, 2006:16).

Wikinomics

A Goldcorp, inspirada no modelo de colaboração do Linux, disponibiliza seus estudos científicos sobre a localização do ouro para pessoas que quiserem ajudar a encontrar reservas deste metal em troca de pecúnia.

“Agora, com grande desapontamento, os titãs da era industrial estão aprendendo que a verdadeira revolução está apenas começando. Só que, desta vez, os concorrentes não são mais as indústrias arqui-rivais, mas a
massa hiperconectada e amorfa de indivíduos auto-organizados que está segurando com força as suas necessidades econômicas em uma mão e os seus destinos econômicos na outra.”

“A nova promessa da colaboração é que, com o peering, exploraremos a capacidade, a engenhosidade e a inteligência humana com mais eficiência e eficácia do que qualquer outra coisa que já presenciamos.”

“Parece uma tarefa muito difícil, mas o conhecimento, a competência e os recursos coletivos reunidos em amplas redes horizontais de participantes podem ser mobilizados para realizar muito mais do que uma única empresa agindo sozinha seria capaz. Seja no projeto de um avião, na montagem de uma motocicleta ou na análise do genoma humano, a capacidade de integrar os talentos de indivíduos e órganizações distantes está se tornando a conpetência crucial para gerentes e empresas. E nos próximos anos, esse novo modo de peering substituirá as hierarquias empresariais tradicionis como o mecanismo essencial para a criação de riqueza na economia.”

“Ao longo da maior parte da história humana, várias formas de hierarquia serviram como motor primários para a criação de riqueza e forneceram um modelo para instituições tais como a Igreja, as Forças Armadas e o Governo. O modelo hierárquico de organização tem sido tão difuso e duradouro que a maioria das pessoas supõe que não há alternativas viáveis. Seja sob a forma dos impérios escravagistas da Grécia, de Roma, da China e das Américas; dos reinos feudais que mais tarde cobriram o planeta; ou da empresa capitalista, as hierarquias organizaram as pessoas cm camadas de superiores e subordinados para satisfazer os objetivos tanto públicos quanto privados. Até mesmo a literatura sobre gestão hoje que defende a emancipação, as equipes e técnicas de gestão iluminada têm como premissa básica o modus operandi de comando inerente à empresa moderna. Apesar de ser improvável que as hierarquias desapareçam num futuro próximo, está surgindo uma nova forma de organização horizontal, que rivaliza com a empresa hierárquica no que diz respeito à sua capacidade de criar produtos e serviços baseados cm informações e, em alguns casos, bens físicos. Corno já foi mencio11ado, essa nova forma de organização é conhecida como peering.”